Relembro tudo, e só depois de vasculhar, descubro. Com ninguém posso contar.Corro para fugir às memórias, mas depressa tropeço, volto a relembrar, continuo a correr, caiu de novo, ajoelhando-me ao chão, uma mancha de sangue começa a sair do meu corpo, observo, reparo no que era, o meu joelho, uma ferida aberta, mas nem o sofrimento, o ardor que ela me está a causar é comparável á dor de viver, á dor que a vida me trás.Pois a ferida, rasga, sangra, até pode infectar, mas num piscar de olhos ela sara rapidamente. Com a vida é o contrario, acontece, magoa, infecta e não desinfecta, tentamos esquecer (desinfectar) mas nada. E ela ali permanece, a ferida na nossa vida, intacta, aberta, exposta a milhares de infecções e a mínima lembrança, zás, ela volta a sangrar, sem nunca mais parar.
{A vida é cruel.}