quarta-feira

E tu, continuas a banalizar?


Se eu faço sentido? A resposta é claramente um grande não. Nenhum de nós faz sentido. Nenhum de nós parece fazer sentido, ainda para mais num mundo em que nem ele mesmo faz sentido.
Estamos todos virados de pernas para o ar, com a cabeça por outros lugares diferentes do nosso coração, os quais deveriam estar conectados. Somos jovens adolescentes, a gritar e a discutir com os nossos pais. Jovens adolescentes com as suas crises amorosas e o seu fervor pelo futuro. Somos jovens, de certo.
E fazemos tudo aquilo que os jovens sempre foram acostumados a fazer. Mas estará a nossa geração a ir por um bom costume?
Perdes aqueles os quais amas apenas em sentido de "deixei de ser amiga daquele, e daquela, e daquele", pareces importar-te com isso de uma maneira que faz as outras pessoas pensar que o teu mundo acabou, levas os teus pais ao desespero por te trancares durante dias no quarto ou na casa de banho a chorar, sem eles conseguirem perceber o que se passa e como ajudar.
Está na hora de abrir os olhos.
E de repente, tudo muda. Começas a perceber o verdadeiro significado de "perda", bem como ele deve ser. Não perdes apenas em espírito, perdes também fisicamente. Já sentiste que te tiraram uma das pessoas que mais amavas? Uma mãe? Uma avó? Um pai? Ou mesmo um tio ao qual és muito chegado? De certo que muitos se identificam com o que escrevo, mas aposto que mesmo após passarem por isso, continuam a chorar por quem não devem. Dêem valor a quem ainda têm, um dia, o tempo irá levar-vos as pessoas que vocês mais amam, as únicas que algum dia se preocuparam convosco sem pedir ou desejar nada em troca. As únicas que realmente tomaram conta de vocês, aquelas que vos agarraram durante a noite enquanto choravam por ter acordado de um pesadelo. Aquelas que vos contavam historias para adormecer, aquelas mesmas que trabalharam doze horas por dia fora de casa, outras cinco em casa e finalmente dormiram apenas cinco horas, porque as outras duas foram para se levantarem, vestirem e irem trabalhar. Isto tudo porque? Porque precisavam de por comida nos pratos daqueles que realmente amam.
Hoje em dia, amar não é a mesma coisa. Procuram alguém que os complete apenas num aspecto, quando por fim se vêm obrigados a procurar outras pessoas, porque lhes faltam alguns aspectos. Porque não esperar apenas que chegue a pessoa certa? Porque não, cuidar enquanto isso daqueles que realmente lá estão e tens a garantia de que sempre estarão?
Banalizar é então um verbo muito usado por esta sociedade, embora que sim, muitas vezes seja utilizado sem a devida percepção. Banalizas um beijo que a tua mãe te dá, sem saber que esse mesmo pode vir a ser o ultimo. Banalizas o simples facto do teu cão querer subir para a tua cama, sem saberes se amanha acordarás com ele morto na cama dele. Banalizas tudo e mais alguma coisa.
Eu já banalizei, e continuo a banalizar sim. Mas agora com mais percepção, agora com mais atenção e vigor. Porquê? A vida já me tirou algumas pessoas as quais se preocupavam realmente comigo, e após chorar por aquelas que percebi não valia a pena, apercebi-me: sou uma jovem igual as outras, mas posso tentar ser a diferença.
E tu, já disseste a alguém que o amas hoje? Ou continuas a banaliza-lo/la?