sábado

ponto e virgula

Chega uma altura em que todos aprendem as mesmas lições e tiram as suas próprias conclusões, pena é que poucos chegam a uma conclusão muito particular, pôr um ponto final nunca foi nem nunca será possível. Um assunto ou questão que dês por terminado, acaba sempre por surgir, consciente ou inconscientemente há sempre alguém ou alguma coisa que a faz voltar a reaparecer na tua vida.
E é aí, e só aí que tu começas a conseguir entender a dimensão da questão e qual a sua importância, pois todos temos consciência dos nossos actos, mas apenas após o assunto ter estabilizado e encontrado o seu cantinho.
Como uma concha em alto mar é arrastada por marés, por ondas e fortes tempestades, transportada ao ritmo da água salgada, habitada por muitos seres vivos mas há sempre um fim, é aí, quando ela se deposita na areia, e pequenos grãos de areia a circulam, enterrando-a na sua profundeza, que ela, a concha, percebe o porquê do seu percurso, e percebe que cada obstáculo, cada caminhada, e cada passo que ela tenha dado (para a frente, ou para trás) constitui uma enorme quantidade de condicionantes que a condicionaram. A levaram a chegar ao ponto onde ela chegou.
E é aqui que por fim, se verifica a conclusão do inicio, a concha ali ficou, para sempre, mas embora em repouso os problemas do passado nunca a abandonaram, estão agora mais presentes até do que nunca, são eles que por fim, ocupam a sua vida.

Leva isto sempre presente contigo, nunca dês nada como acabado, 
nunca metas um ponto final, opta por uma virgula, ou até um ponto e uma virgula;

segunda-feira

É como que um rolo de lã desfiado por um gato. Aos poucos aproxima-se, com um ar matreiro e desafiador, já saberia que conseguiria atacar o rolo.
E ali está ele no chão, bem á frente do gato, delicado e imóvel, susceptível a todo o tipo de ataques por parte de predadores. O rolo, este especial, com uma característica diferente dos todos os outros rolos normais: detém sentimentos.
Mas o gato não se preocupa com isso, como que numa dança rítmica, com subtileza tamanha "faz olhos" ao rolo, e num ápice, sem que nada á volta tivesse tempo de reagir, ele ataca o indefeso rolo. Este sofre, e chora por muito que inanimado, é fraco e não tem mais meios para se defender, toda a sua esperança de que houvesse alguém ou alguma coisa que o defendesse, desapareceu.
Quando dá por si, está desfeito. Desfiado e até com fios partidos, pedaços de lã arrancados e postos por toda a parte, espalhados no chão de uma sala ampla e limpa, embora que agora não tanto.
É então que surge alguém, e agarra o pobre rolo, enchutando o gato dali e ponto por fim paz ao rolo. Apanhando todos os pedaçõs que dele restam e unindo-os gentilmente, o rolo agradece, e sorri.

Tu, és sempre comparável a situações inimagináveis, Lembra-te disso antes de agires.