sexta-feira

puzzle

Pegas numa caixinha e despejas tudo o que dela há para despejar no chão. Ignoras sinais, peças que já parecem vir coladas, predestinadas a ficarem lado a lado, coladas e encaixadas sem nenhum esforço. Sem ser preciso o mínimo empurrãozinho. Sorris ao perceber que tens uma parte facilitada mas mais uma vez ignoras os segundos sinais. Presta atenção á caixa, o puzzle contém duas mil peças. Arranjas um género de uma tela e nela montas com todo o cuidado o jogo que iniciaste. Um dia são cinquenta, noutro são cento e cinquenta e, aos poucos, o que não existia e começou por ser pequeno já era grande, contento mil peças meticulosamente colocadas.
Olhas de relance e pensas ser um jogo já grande.
Tentas desistir, e quase consegues. Sofres com a vontade de acabar e com a incerteza de mais alguém o tentar reconstruir ou simplesmente continuar e é então que voltas atrás. Dás voltas ao assunto, virando-o de pernas para o ar, mas finalmente encontras a razão do teu lado, o que antes para ti poderia ser só um jogo, hoje era o jogo. O que parecia ser simples e o que parecia ser o inicio de uma amizade, era o inicio de um grande amor.
E ai tu acabas o puzzle, fazes dele teu e apenas teu, intocável e inseguro por te ter a ti a tocar e a cuidar dele. Mas cuidado, vão haver alturas em que a ti te vai parecer que ao puzzle estão a saltar peças para longe ou que alguém as vai arrancar, mas dependendo da tua força de vontade ou mesmo da esperança e aposta, tudo volta ao lugar porque o puzzle por muito que pareça acabado nunca o será. Toma por garantida uma coisa que já é tua, o sentimento que até então cresceu e em  ti e fizeste despertar nela. Mas, havendo sempre um mas, nunca desistas dela porque o que hoje te faz feliz e está a teu lado, assim o continuara sempre até assim o desejares. Guarda todas as peças contigo e nunca as mostres a ninguém, há pessoas egoístas que tentam em todos os segundos roubar e estragar o que é dos outros. Só te resta a ti, ter forças para impedir isso. Porque eu, tenho a força de uma tempestade.
Amo-te, estou a teu lado.

domingo

Dedicação

Há uma altura em que tudo deixa de fazer sentido. Uma altura em que te apagas e te deixas adormecer dentro da tua própria memória, das tuas próprias sombras.
Com a maior cautela vais construindo um castelo, vais cometendo erros como toda a gente comete, uns mais graves que outros e quando já vais a mais de meio, prestes a terminar apercebeste que cometeste um erro fatal. Construíste o castelo perto do mar, perto de mais das ondas que dele se fazem sentir com uma intensidade enorme, é então que ele caí. Desmoronando devagar, as pequenas e graciosas conchas nele depositado tomam outro rumo diante da água salgada do mar. Como que se fugissem de ti, elas afastam-se depressa de mais até, bruscamente, deixas de as ver, e perguntas se alguma vez conseguirás reunir de novo conchas tão únicas e tão especiais. Após um choro incalculável, porque foi o mar feroz e sem a mínima consciência que nos tirou o nosso bem, construído com o nosso esforço, todo o carinho e dedicação, começa a reflectisse então junto de todos os soluços.
Deitaste para trás, sentes a areia molhada em todo o teu corpo, fria. E é ao fechares os olhos que ouves uma gaivota, feliz ou talvez triste, mas sem desistir, mesmo que ali naquela praia, não hajam peixes a pescar, pondo assim um ponto final ao seu sustento, aquilo que a faz viver.
Levantaste e tentas travar as lágrimas que por ti derramam fortemente, travas também os soluços e toda a dor aparente. Mas não consegues, ela volta sempre. Corres até ao mar, aquele que te tirou a felicidade e dás um mergulho. Glorioso tu gritas "eu não desisto".
Voltas para trás e voltas a construir o castelo, ou prometes a ti mesmo que o irás reconstruir, é ai que ganhas força e continuas a tua caminhada.

O que é realmente teu a ti volta sempre, embora que com esforço.
De ti, eu não desisto.