O coração sozinho e frio, sente um aperto, como que o enfiaram dentro de uma garrafa de água de plástico e a moldaram com o seu formato, sente asfixia, sente que perde todos os sentidos. Sente que desperdiça uma oportunidade como nunca antes teve, sente vontade de fugir, de chorar, sente vontade de se esconder e redimir á sua insignificancia perante o que aconteceu. A cabeça por outro lado socorre o coração, ajuda-o como em certos casos é ao contrário, acalma-o e diz que vai passar, que até a ele lhe custa mas que é o melhor para ambos. Diz que por muito que pareça não é o fim do mundo e que foi a decisão certa, e que se calhar uma amizade continuaria com esta situação de oscilações.
O coração e a cabeça, são melhores amigos, ajudando-se mutuamente e tranquilizando-se um ao outro.

E é ao soluçar e num choro constante que eu me pergunto: 

Mas então e eu? Quem me tranquiliza?

Pequenas bolas de sabão voam pelo ar, indefesas e ágeis como a simples criança que as lançou, voam com liberdade e pressa, sem medo de correr riscos e tropeçar. Á medida que a criança cresce as bolas vão sendo cada vez maiores também, carregando consigo ainda mais peso e importância. Mas de tão frágeis que são estas quebram-se com uma simples brisa.
O ser humano? Tão igual a uma bolinha de sabão, á medida que crescem mais obstáculos encontram na sua vida, mais iram tropeçar e maiores serão as responsabilidades, com a pequena diferença de que as bolinhas uma vez quebradas desapareceram e os seres humanos não. Cá continuaram a tentar reconstruir e sua vida, e por muito que pareça o fim ele nunca o é quando esperamos, há que chegar á conclusão que muito poucos chegam, lamentem o passado mas não se arrependam dele pois o passado é sempre o nosso maior melhor amigo. É ele que nos faculta todas as leis da vida, é ele que nos ensina quais dos caminhos percorridos até agora são bons ou maus, ele nosso amigo, nunca nos mente.
A maior força está sempre dentro de cada um de nós, embora pareça isenta ou até sem cor, se procurares bem dentro de ti ela aparece.

Bate palmas e sê feliz.

Apareces, rasgas e entras sem pedir licença, avanças aos poucos sem nunca dar a perceber qual o teu objectivo no meio da historia toda, no meio da nossa história. Conquistas e asseguras o lugar, fazes o que queres sem pensar em consequências, tens-me na mão. Cansas-te, fartas-te, ignoras, brincas e abandonas, sem nenhuma razão sem nunca deixar uma simples explicação.
Hoje tu voltas, novamente como quem não quer a coisa, hoje tu tentas (ou finges que tentas), hoje tu queres que eu caia de novo na teia que mais tarde teceste e agora por sua vez voltas-te a construir após a teres limpo. Hoje eu sou um novo "eu", tenho força e ambição, tenho objectivos e sensatez, sei observar, sei escolher.
Hoje meu amigo, pareces-me diferente, pareces-me real.

Hoje eu pergunto: Vieste para ficar?