quinta-feira

tic-tac, tic-tac ... tic-tac.

Chegaste a um ponto em que tens à tua volta cerca de dez mãos dispostas a darem-te ajuda, a ficarem contigo, sem medo de todas as vezes que terão que tropeçar enquanto estão contigo. Porque eles sabem, eles sabem a confusão em que te tornaste.
Misturas sentimentos, esperas palavras e conversas que sabes que nunca serão proferidas, anseias por um sinal que te faça seguir em frente, por uma voz que te convença de que está tudo bem. Esperas pelo amanhã como um novo dia, aguardas um sol que te aqueça fisicamente mas essencialmente, que te aqueça o coração.
Esperas, esperas e esperas, tanto esperas que desesperas.
Ouves o tic-tac do relógio a cada minuto que permaneces em casa, escutas a tua própria respiração com tanta atenção que chegas até a decorar em quantos segundos ela costuma intervalar normalmente, o batimento do teu coração chega até a fazer-te confusão. Chegaste a um ponto em que prestas atenção a tudo, mas ao mesmo tempo não prestas atenção a nada.
Tu queres prestar atenção a tudo para fugir aquilo que é a rotina dos teus pensamentos, queres sair da tua zona de conforto mental quando sabes que esta mesma zona já não é mais de conforto, mas sim de inquietação. Mas quanto mais procuras por uma fissura na janela que se encontra ao teu lado, quanto mais procuras por uma porta semi-aberta, mais sentes a vontade que tens de escapar.
É exactamente a mesma coisa no que se trata a escapatórias mentais, quanto mais tentas esquecer alguma coisa, mais a lembras na medida em que, cada vez que tentas arranjar uma solução e pensas ter conseguido finalmente atingir o teu objectivo, mais te recordas o porque de a teres procurado. E aí? Aí vais saber que te estás a enganar a ti mesmo porque não é a fugir dos teus problemas que vais abrir caminhos para a frente, só os vais fechar cada vez mais.