domingo

Dedicação

Há uma altura em que tudo deixa de fazer sentido. Uma altura em que te apagas e te deixas adormecer dentro da tua própria memória, das tuas próprias sombras.
Com a maior cautela vais construindo um castelo, vais cometendo erros como toda a gente comete, uns mais graves que outros e quando já vais a mais de meio, prestes a terminar apercebeste que cometeste um erro fatal. Construíste o castelo perto do mar, perto de mais das ondas que dele se fazem sentir com uma intensidade enorme, é então que ele caí. Desmoronando devagar, as pequenas e graciosas conchas nele depositado tomam outro rumo diante da água salgada do mar. Como que se fugissem de ti, elas afastam-se depressa de mais até, bruscamente, deixas de as ver, e perguntas se alguma vez conseguirás reunir de novo conchas tão únicas e tão especiais. Após um choro incalculável, porque foi o mar feroz e sem a mínima consciência que nos tirou o nosso bem, construído com o nosso esforço, todo o carinho e dedicação, começa a reflectisse então junto de todos os soluços.
Deitaste para trás, sentes a areia molhada em todo o teu corpo, fria. E é ao fechares os olhos que ouves uma gaivota, feliz ou talvez triste, mas sem desistir, mesmo que ali naquela praia, não hajam peixes a pescar, pondo assim um ponto final ao seu sustento, aquilo que a faz viver.
Levantaste e tentas travar as lágrimas que por ti derramam fortemente, travas também os soluços e toda a dor aparente. Mas não consegues, ela volta sempre. Corres até ao mar, aquele que te tirou a felicidade e dás um mergulho. Glorioso tu gritas "eu não desisto".
Voltas para trás e voltas a construir o castelo, ou prometes a ti mesmo que o irás reconstruir, é ai que ganhas força e continuas a tua caminhada.

O que é realmente teu a ti volta sempre, embora que com esforço.
De ti, eu não desisto.

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