quinta-feira

A corda falha, as esperanças voltam

Tu queres fugir, tu sabes que queres fugir. Mas não consegues, tens uma corda a agarrar-te pelo pescoço que te impossibilita de te moveres em frente, de seguires com a tua vida a passos largos. Tu queres e não queres, és tu que prendes essa corda. É o teu subconsciente que o faz.
É impossível querer fugir de uma coisa que desejas tanto, mesmo que penses que queres. Tu não queres, tu convenceste de que queres porque a verdade é que cada vez que estas prestes a rebentar com a corda que te está a segurar, ela parece ganhar mais trela, dá-te mais um metro e tu reconfortas-te. Pensas que podes ficar onde estavas, ganhas vida e esperança, o problema consiste no pequeno facto de que passado uns tempos vais chegar de novo ao fim dessa corda, e vais ter que te forçar de novo a rebenta-la antes que ela te dê mais trela, que tu mesmo te dês mais trela.
Quando deres por ti já estás cansado desde jogo que travas com a tua corda de estimação, mas o teu subconsciente parece continuar a ter mais força do que o teu pensamento consciente, ganha a olhos nus.
O segredo é guardares aquilo que queres numa caixa bem escondida, adormeceres essa caixa e não a voltares a acordar sem teres realmente a certeza que conseguiste soltar-te da corda.
Cuidado, a corda engana-te. Hoje pareces decidido a deixar a corda para trás, ganhas-te uma tesoura e com ela força de seguir em frente sem aquele que já é o teu adereço mais habitual, mas amanhã essa mesma tesoura pode falhar e com ela a força também falha. Ou digamos antes que as esperanças voltam.
Quando gostas de alguém, é isto que acontece. Tu queres mas convences-te de que não queres, e quando pareces determinado a não querer de vez, há sempre uma corda (ou antes um pequeno fio) que te puxa atrás e te faz voltar a querer. Nem todos somos fortes o suficiente para enfrentar essa corda à primeira.

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