terça-feira

Ás vezes é difícil acordar, sair do reconforto e do quente onde parece que todos os nossos problemas ficam resguardados, perdendo a vida que nós mesmos lhes damos.
Apoderando-se de um espacinho, pequeno no qual não ocupam muito espaço, fazendo não com que os esqueçamos, mas sim com que não lhes dê-mos demasiado valor.
O quente faz-me flutuar mas sentir-me também segura, apenas segura. De uma maneira estanha, admito. Mas parece que me faz sentir protegida, sem nunca saber porque, faz com que pareça que ali, refugiada nos meus lençóis ninguém é capaz de me atacar, nem eu própria. Porque sim, eu sou a minha pior inimiga.
Só eu me consigo fazer o maior mal, massacrar-me com os problemas. Mas afinal, com quem isso não acontece? Somos capazes de responder e tratar mal aqueles que o mesmo nos fazem, mas e nós? A nós próprios somos capazes de criticar, julgar e rebaixar. Somos capazes de o fazer de maneira tão feroz que não nos chegamos a conseguir levantar, a sair vitoriosos.
E aí, perdemos a cor, toda a nossa cor, no meio de nós mesmos. Mas porque o fazemos se todos nós sabemos e aceitamos o facto de todos errarem? Se sabemos que todos aprendem com os próprios erros?
Da-mos mais valor a outras pessoas do que á nossa pessoa, embora inconscientemente.
Então, faz uma promessa a ti mesmo, não voltes a cair. Recompõe-te sempre que conseguires, sempre que possível.
Deita fora os problemas, pela janela se o vento te fizer sentir livre ou pelo mar, se a água te fizer  ganhar mobilidade.

Eu, já o fiz e sinto-me melhor assim.

domingo

É verdade que a vida continua, está sempre em andamento e nunca para. Por muito que pareça parar não te iludas, quem para és tu. Paras, ou és capaz de parar, por diversos motivos. Deixas-te ficar e perdes a cor, encalhas num determinado espaço e tempo, pairas sobre ti mesmo e sobre uma incerteza incalculável, um medo e uma solidão ás quais nunca tiveras feito frente antes.
Tocam-te, chamam-te e gritam por ti, mas pareces não ouvir. Não ouves, ou apenas não queres ouvir. Revoltaste com o mundo, com a tua própria vida. Com as circunstancias, e com todos os actos. É então que te perdes, no meio de todos os fusíveis, fios e cabos que existem dentro do teu próprio corpo, dentro da tua mente. Sentes tudo em desordem, como que desconectado, a tua placa mãe não alimenta o resto, nem para ela própria consegue ter energia. Desmaia, parando por momentos de pensar, apenas reflectindo. Mas a cada minuto que passa, ela reflecte mais, e com isso a cada minuto, surge mais uma angustia.
Decide parar, mas não consegue. A sua energia não a permite. Tentam acorda-la e pô-la em si, mas já é tarde de mais, caiu em depressão.
Perdeu aquilo que a fazia sorrir, sobreviver ou mesmo aquilo que a apoiava. Perdeu aquele que fazia de seu farol quando estava em alto mar, perdeu quem a guiava e quem lhe fazia calor. Perdeu tudo, pensa ela.
E assim, passa os dias. Por muitos anos que passem a dor está sempre lá. Por muitas caras novas que conheça, é sempre aquela que ela procura durante o dia, mas no final apercebe-se que só á noite a consegue encontrar. Quando ela volta e lhe reconforta os sonhos.

estarás sempre, comigo.

sábado

De que importa ser-se bonito, se os actos o estragam logo a seguir? De que importa cheirar bem, se acabas por afastar as pessoas na mesma? De que importa não seres tu, quando no fim tudo isso se descobre?
De que importa pintares uma parede, tentando criar uma ilusão que tu próprio não consegues decifrar, e quando finalmente chegas à conclusão do que o que ela simboliza já é tarde de mais? Percebes que não valia o esforço e que deixaste tudo para trás. Idealizavas grandes sonhos, subiste e subiste e quando reparaste, enquanto estavas lá em cima, enquanto te gabavas não tinhas ninguém do teu lado. Aprendes a voar baixo, tentar recuar mas já é tarde de mais. E só aos poucos, consegues andar. Desces, mudas do alto para o baixo e não te arrependes, tentas reconquistar as pessoas que antes perdeste, mas reparas que é tarde de mais. Aqueles que te davam a mão, já não te a dão mais. Julgaram, abusaram e criticaram mas agora, após livre de culpas e de consciência percebes que afinal, quem te julgava não tinha esse direito.
Enquanto te apontavam o dedo, estavam a preparar o mesmo ou pior, falavam de mural alta quando a faziam descer a cada segundo que passava com gestos incapacitados de valores baixíssimos.
Mas não fiques triste, um dia apercebem-se de tamanho erro. E ai és tu quem sai vitorioso, com mural suficiente para dizer que agora voas alto, mas de maneira honesta.

come back

Eu quero, mas ás vezes o querer não basta. Eu sonho, idealizo, eu ganho força mas rapidamente a perco. Sonho mesmo acordada com aquilo que o passado me proporcionou tentando transformar tais coisas num futuro próximo, ou mesmo apenas num futuro, no qual tudo volta, mas de uma forma muito melhor. Quero acreditar que mentiras foram transformadas em verdades, ou simplesmente foram esquecidas, não apagadas, mas sim melhoradas, redimidas e aperfeiçoadas. Quero acreditar que tudo o que tivemos foi verdadeiro, que algo que me possas (ou não) ter feito, tenha sido sem intenção e apenas enquanto estavas cega com problemas, não conseguindo evitar, como que de uma forma involuntária. Quero acreditar que consigo perdoar, e que queres voltar a um tal passado, mas transformado num futuro. Quero acreditar que sabes que me fazes falta, que tenho saudades tuas. Que apesar de tudo, apesar deste tempo todo afastadas continuaste sempre a ocupar um lugar muito especial no meu coração, porque embora tudo o que se passou, tu estavas cá, quando necessitava. Três horas de conferência, três amigas. Enumeras palhaçadas e risadas, inúmeros cochichos, abraços e lanches. Troca de segredos, de cumplicidades. Sinto que isto se foi tudo, para duas das pessoas. Sinto que apenas eu, continuo a relembrar-me disto cada vez que vejo o teu facebook no meu mural e a única coisa que me enche a alma é a vontade de comentar, de por gostos e de te fazer voltar. Mas rapidamente volto a desistir, volto a pensar para mim "ela não irá querer ter-me de volta, como uma irmã mais nova". E aí, as minhas expectativas caiem de novo (sabes como sempre fui, melhor do que muita gente), volto a perder a coragem, volto a imaginar e a sonhar.

(O texto foi feito em base numa pessoa, não sendo igual é maior parte dos que tenho. 
Mas o que interessa, é o sentimento que nele foi depositado.  
Tenho saudades tuas, nossas.)

segunda-feira

Não te elabores

Se há coisas boas na vida, então esta é uma delas. Consigo sorrir com uma força incomparável, com um gosto inigualável e com um prazer invejável. Consigo dar asas á minha imaginação, inventar, expor e falar. Gritar, exemplificar mas mesmo assim, nunca clarificar. Há alguma coisa que me impede de o conseguir fazer, não minha, mas sim tua.
Uma entrave que se atravessa à minha frente, presa a um segredo o qual eu não consigo descobrir, mas sinceramente, gosto de estar assim, na incerteza de um sentimento, embora tendo mesmo assim uma ideia muito clara do que significa, -amor.
Mas mesmo assim, se tão claro e tão único que é este sentimento porque outro por detrás? Será ansiedade? Medo? Vergonha? Ou simplesmente, pura inocência? Alguém me consegue responder?
Porque é que sempre que tentamos arranjar as melhores palavras, sinónimos e os melhores adjectivos, nunca o conseguimos? Porque, se sabemos que iremos deixar a outra pessoa mais feliz ainda? Cuidado, não te enredes de mais nas tuas próprias palavras, elas podem trair-te sem pensares duas vezes. Dizes uma coisa, mas no final já dizes outra, baralhas sentimentos, tentas resolver mas não há volta a dar. E pessoas á tua volta, tendem a entender aquilo que lhes interessa, esquecendo ou não querendo aprofundar de maneira a entender a verdade. Egoístas, escolhem a sua própria verdade, deixando os outros mal.
Por isso, faz das tuas palavras gestos, faz das tuas palavras olhares, cheiros e sabores. Faz tudo, menos tentar clarificar, mais vale uma bochecha vermelha de tão envergonhada do que uma frase bastante elaborada, e confusa por sua vez.

Por todas as vezes que me fazes corar, um Amo-te do tamanho do mundo
é a única palavra que consigo encontrar para descrever sem muitos rodeios o que sinto;