domingo

É verdade que a vida continua, está sempre em andamento e nunca para. Por muito que pareça parar não te iludas, quem para és tu. Paras, ou és capaz de parar, por diversos motivos. Deixas-te ficar e perdes a cor, encalhas num determinado espaço e tempo, pairas sobre ti mesmo e sobre uma incerteza incalculável, um medo e uma solidão ás quais nunca tiveras feito frente antes.
Tocam-te, chamam-te e gritam por ti, mas pareces não ouvir. Não ouves, ou apenas não queres ouvir. Revoltaste com o mundo, com a tua própria vida. Com as circunstancias, e com todos os actos. É então que te perdes, no meio de todos os fusíveis, fios e cabos que existem dentro do teu próprio corpo, dentro da tua mente. Sentes tudo em desordem, como que desconectado, a tua placa mãe não alimenta o resto, nem para ela própria consegue ter energia. Desmaia, parando por momentos de pensar, apenas reflectindo. Mas a cada minuto que passa, ela reflecte mais, e com isso a cada minuto, surge mais uma angustia.
Decide parar, mas não consegue. A sua energia não a permite. Tentam acorda-la e pô-la em si, mas já é tarde de mais, caiu em depressão.
Perdeu aquilo que a fazia sorrir, sobreviver ou mesmo aquilo que a apoiava. Perdeu aquele que fazia de seu farol quando estava em alto mar, perdeu quem a guiava e quem lhe fazia calor. Perdeu tudo, pensa ela.
E assim, passa os dias. Por muitos anos que passem a dor está sempre lá. Por muitas caras novas que conheça, é sempre aquela que ela procura durante o dia, mas no final apercebe-se que só á noite a consegue encontrar. Quando ela volta e lhe reconforta os sonhos.

estarás sempre, comigo.

sábado

De que importa ser-se bonito, se os actos o estragam logo a seguir? De que importa cheirar bem, se acabas por afastar as pessoas na mesma? De que importa não seres tu, quando no fim tudo isso se descobre?
De que importa pintares uma parede, tentando criar uma ilusão que tu próprio não consegues decifrar, e quando finalmente chegas à conclusão do que o que ela simboliza já é tarde de mais? Percebes que não valia o esforço e que deixaste tudo para trás. Idealizavas grandes sonhos, subiste e subiste e quando reparaste, enquanto estavas lá em cima, enquanto te gabavas não tinhas ninguém do teu lado. Aprendes a voar baixo, tentar recuar mas já é tarde de mais. E só aos poucos, consegues andar. Desces, mudas do alto para o baixo e não te arrependes, tentas reconquistar as pessoas que antes perdeste, mas reparas que é tarde de mais. Aqueles que te davam a mão, já não te a dão mais. Julgaram, abusaram e criticaram mas agora, após livre de culpas e de consciência percebes que afinal, quem te julgava não tinha esse direito.
Enquanto te apontavam o dedo, estavam a preparar o mesmo ou pior, falavam de mural alta quando a faziam descer a cada segundo que passava com gestos incapacitados de valores baixíssimos.
Mas não fiques triste, um dia apercebem-se de tamanho erro. E ai és tu quem sai vitorioso, com mural suficiente para dizer que agora voas alto, mas de maneira honesta.

come back

Eu quero, mas ás vezes o querer não basta. Eu sonho, idealizo, eu ganho força mas rapidamente a perco. Sonho mesmo acordada com aquilo que o passado me proporcionou tentando transformar tais coisas num futuro próximo, ou mesmo apenas num futuro, no qual tudo volta, mas de uma forma muito melhor. Quero acreditar que mentiras foram transformadas em verdades, ou simplesmente foram esquecidas, não apagadas, mas sim melhoradas, redimidas e aperfeiçoadas. Quero acreditar que tudo o que tivemos foi verdadeiro, que algo que me possas (ou não) ter feito, tenha sido sem intenção e apenas enquanto estavas cega com problemas, não conseguindo evitar, como que de uma forma involuntária. Quero acreditar que consigo perdoar, e que queres voltar a um tal passado, mas transformado num futuro. Quero acreditar que sabes que me fazes falta, que tenho saudades tuas. Que apesar de tudo, apesar deste tempo todo afastadas continuaste sempre a ocupar um lugar muito especial no meu coração, porque embora tudo o que se passou, tu estavas cá, quando necessitava. Três horas de conferência, três amigas. Enumeras palhaçadas e risadas, inúmeros cochichos, abraços e lanches. Troca de segredos, de cumplicidades. Sinto que isto se foi tudo, para duas das pessoas. Sinto que apenas eu, continuo a relembrar-me disto cada vez que vejo o teu facebook no meu mural e a única coisa que me enche a alma é a vontade de comentar, de por gostos e de te fazer voltar. Mas rapidamente volto a desistir, volto a pensar para mim "ela não irá querer ter-me de volta, como uma irmã mais nova". E aí, as minhas expectativas caiem de novo (sabes como sempre fui, melhor do que muita gente), volto a perder a coragem, volto a imaginar e a sonhar.

(O texto foi feito em base numa pessoa, não sendo igual é maior parte dos que tenho. 
Mas o que interessa, é o sentimento que nele foi depositado.  
Tenho saudades tuas, nossas.)

segunda-feira

Não te elabores

Se há coisas boas na vida, então esta é uma delas. Consigo sorrir com uma força incomparável, com um gosto inigualável e com um prazer invejável. Consigo dar asas á minha imaginação, inventar, expor e falar. Gritar, exemplificar mas mesmo assim, nunca clarificar. Há alguma coisa que me impede de o conseguir fazer, não minha, mas sim tua.
Uma entrave que se atravessa à minha frente, presa a um segredo o qual eu não consigo descobrir, mas sinceramente, gosto de estar assim, na incerteza de um sentimento, embora tendo mesmo assim uma ideia muito clara do que significa, -amor.
Mas mesmo assim, se tão claro e tão único que é este sentimento porque outro por detrás? Será ansiedade? Medo? Vergonha? Ou simplesmente, pura inocência? Alguém me consegue responder?
Porque é que sempre que tentamos arranjar as melhores palavras, sinónimos e os melhores adjectivos, nunca o conseguimos? Porque, se sabemos que iremos deixar a outra pessoa mais feliz ainda? Cuidado, não te enredes de mais nas tuas próprias palavras, elas podem trair-te sem pensares duas vezes. Dizes uma coisa, mas no final já dizes outra, baralhas sentimentos, tentas resolver mas não há volta a dar. E pessoas á tua volta, tendem a entender aquilo que lhes interessa, esquecendo ou não querendo aprofundar de maneira a entender a verdade. Egoístas, escolhem a sua própria verdade, deixando os outros mal.
Por isso, faz das tuas palavras gestos, faz das tuas palavras olhares, cheiros e sabores. Faz tudo, menos tentar clarificar, mais vale uma bochecha vermelha de tão envergonhada do que uma frase bastante elaborada, e confusa por sua vez.

Por todas as vezes que me fazes corar, um Amo-te do tamanho do mundo
é a única palavra que consigo encontrar para descrever sem muitos rodeios o que sinto;

sábado

sem medos

Porque é que uma relação sempre que há ou houve alguma confusão, algum desentendimento ou alguma mágoa partida tem que ser, ou costuma ser, obrigatoriamente complicada? Porque se uma relação não se baseia em desentendimentos e arrufos mas com toda a certeza estes fazem parte dela, porque se eles nos fazem perceber se tudo o que imaginamos ser afinal é ou não é, porquê? Sempre que termina, não significa que tenha terminado mal, por isso, quando te perguntarem “então e o teu namorado?” ou vice-versa responde “terminou” e quando te perguntarem finalmente se estás bem, se precisas de algum tipo de apoio ou de conforto, inspira toda a alegria que há em toda a tua volta, enche o teu sorriso de cor e de tamanho, de felicidade e responde com todas as certezas “terminou, mas correu bem” explica que, quando tudo acaba não sobram apenas recordações más, porque quando gostas realmente, as recordações boas acabam por prevalecer sobre as más, sobrepõem-se como que se fossem empurradas e entornadas sobre as más, não as cobrem mas ficam mais á vista. E ai, sente que sorris de verdade, sente que não precisas de mentir quando o fazes não perante os outros, mas também perante ti mesmo.
Relembra sem medo de ter medo, relembra sem receios nem preconceitos, não chores por um amor perdido mas sim por um amor que te deu sorrisos, não te esqueças de os valorizar sempre ao máximo. Porque tudo o que gravas, dura uma eternidade mas só tu os conseguirás sentir sempre da mesma maneira, e iguais ao que foram, e como tal não andes a espalhar isso por toda a parte, um gesto simples, e único por vezes basta para o demonstrar. Não corras a colar cartazes nas ruas, nos túneis e nas portas dos prédios, não corras contra o tempo, contra o próprio vento, é ele que te faz sentir livre. É ele, que mesmo feroz te seca as lágrimas, te empurra para a frente, é ele que em conjunto com as árvores te dá uma paz e uma serenidade incomparável. E se tiveres medo de o sentir, afasta-o. Empurra-o com toda a força que tens (se julgas não ter força, como todos nós a maior parte das vezes sentimos, apoia-te no que de melhor tens, mas apoia-te principalmente em TI, na tua pessoa e no que sabes que és, e vais ver que a encontras. Porque toda a gente tem força, mas cada um há sua medida, a maior força está sempre dentro de cada um de nós, acredita e aperta o teu coração com força, sem o machucares, e ai encontras o que tanto queres), rasga-o em mil pedacinhos, cospe sobre ele e faz dele pasta. Encontra uma caixinha que te pareça segura e deita dentro dela toda a pasta que criaste.
Vai até ao mar, até á agua e com todo o cuidado deposita nele a caixa, vais ver que tudo se torna imediatamente mais leve, e se for preciso chorar, chora. Se for preciso sentares-te, senta. Mas a seguir recompõe-te, e lembra-te: és forte de mais.