sexta-feira

cautela

Todos temos um livro no qual nos enquadramos, do qual fazemos parte. Viras uma página e pensas dar por encerrado o livro. Mentira, enganas-te.
É quando viras a página que inicias outro capitulo, mais difícil, ou mais fácil. Novas cores, novas pessoas e novas expectativas surgem, mas desmotivação vem com ela. Pensas que já erras-te em muito e que cada um tem a paga do que faz (ou então não), mas se assim o é, porque tanta coisa sobre os teus ombros? Se ao fim ao cabo não fizeste metade para merecer o que tens agora?
Andas, mas algo parece impedir-te, por um lado um peso enorme que carregas em cima de ti, sentes os ombros pesados e os olhos a fechar, com falta de força pestanejas e tentas continuar. E por outro, mais um obstáculo se coloca á tua frente, uma árvore do tamanha de duas, grande e escura que te bloqueia o caminho. Afliges-te e sem saída não sabes o que pensar.
Mas há algo que te faz voltar, a expectativa do que se seguirá e a vontade que o futuro te trás. Ganhas forças e deixas os "fardos" que te pesavam para trás, sobes a árvore quase impossível de subir, um pé de cada vez, mas sim, chegas ao ao topo. Ouves vozes, ouves risos, animação, cores vivas e melodias que te acalmam. Desces a correr, ainda tropeças e vês que nada se torna fácil de um momento para o outro. E é após caíres de novo no chão que te levantas, com animo mas mais cauteloso.

E desta vez sim, tu vais á luta, sê feliz.

segunda-feira

Ciclo vicioso

Bom/mau ciclo este, em que a vida nos coloca. Ora estás bem e sabes o que fazer, ora estás mal e sem qualquer hipótese de escolha. Como que fechado entre quatro paredes brancas com apenas uma secretária, uma folha e uma caneta.
É aí que te inspiras, e como um verdadeiro poeta olhas o passado, mas desta vez com verdadeiros olhos de ver.
Pintas então o mundo na tua cabeça como nunca antes tinhas pintado (ou escrito), tudo o que se encontrava nítido fica agora turvo, por saberes que nada é uma certeza e tudo muda consoante os acontecimentos; O que dantes era verde passa agora a vermelho, apercebeste de que nada é calmo e sereno como por vezes desejarias; E letras escritas a caneta são riscadas bruscamente e depressa passadas a lápis desajeitadamente, para mais tarde então poderem ser reescritas por ti, sempre que te apetecer.
Expões tudo naquele papel, e ao fim de pouco tempo apercebeste de que aquele papel não chegaria, é então que pensas "sim, tudo tem um fim.". Viras a folha e encerras aquele capitulo, sentaste no chão e num choro constante acompanhado por diversos soluços, metes as mãos á cabeça e limpas então as lágrimas meio salgadas que escorrem pela tua cara.
Levantaste e com determinação consegues ver uma saída daquelas quatro paredes, abres uma porta e sussurras ao mundo lá fora "eu, sou livre!". Ficas convicto e vives como se não houvesse amanhã. 
Mas é então, que de repente tudo torna a acontecer, desmoronando. 

Sê bem vindo, a este ciclo vicioso.

domingo

sem medos e sem receios, ly

Preciso de ti, precisas de mim (suponho). Toda a gente precisa que lhe amparem as quedas e que lhe sussurrem ao ouvido o quanto elas valem de maneira a que não vão a baixo, ou pelo menos não tão a baixo, e tu fazes isso.
Estás comigo de noite e de dia, pela tarde ou pela manhã, ouves-me nas piores crises, criticas-me até me sufocares quando é preciso mas também me elogias quando necessito. Doí-me muito, mas mesmo muito que tu nem imaginas quando sinto que estás mal e não posso fazer rigorosamente nada para o mudar, quando sei que algo em ti está mal e eu não consigo reparar essa "falha". Não se constrói do nada, assim como não se apaga do nada e sinto isso quando reparo que, mesmo estando um, dois dias sem falar contigo não sinto medo, não sinto nitidamente medo nenhum em te perder como sinto com a maior parte das pessoas, porque sei que uma rajada de vento forte não serviria para levar uma pessoa como tu para longe de mim.
Sei que se fosse uma maça prestes a cair de uma árvore, passado meses de ali estar, pendurada fragilmente a um ramo repleto de folhas, tu estarias lá quando eu caísse e me guardarias num cantinho, ou até no teu bolso para que a minha queda não doesse e fosse menos dolorosa.
Por isso, por tudo e por nada, pelos riscos que ainda te hei de fazer no braço ou pela palhaçada que ainda havemos de fazer, tudo, eu vou estar aqui, como uma amiga, como uma melhor amiga.

(Já não podes reclamar, tens um texto. Love you)

sábado

ponto e virgula

Chega uma altura em que todos aprendem as mesmas lições e tiram as suas próprias conclusões, pena é que poucos chegam a uma conclusão muito particular, pôr um ponto final nunca foi nem nunca será possível. Um assunto ou questão que dês por terminado, acaba sempre por surgir, consciente ou inconscientemente há sempre alguém ou alguma coisa que a faz voltar a reaparecer na tua vida.
E é aí, e só aí que tu começas a conseguir entender a dimensão da questão e qual a sua importância, pois todos temos consciência dos nossos actos, mas apenas após o assunto ter estabilizado e encontrado o seu cantinho.
Como uma concha em alto mar é arrastada por marés, por ondas e fortes tempestades, transportada ao ritmo da água salgada, habitada por muitos seres vivos mas há sempre um fim, é aí, quando ela se deposita na areia, e pequenos grãos de areia a circulam, enterrando-a na sua profundeza, que ela, a concha, percebe o porquê do seu percurso, e percebe que cada obstáculo, cada caminhada, e cada passo que ela tenha dado (para a frente, ou para trás) constitui uma enorme quantidade de condicionantes que a condicionaram. A levaram a chegar ao ponto onde ela chegou.
E é aqui que por fim, se verifica a conclusão do inicio, a concha ali ficou, para sempre, mas embora em repouso os problemas do passado nunca a abandonaram, estão agora mais presentes até do que nunca, são eles que por fim, ocupam a sua vida.

Leva isto sempre presente contigo, nunca dês nada como acabado, 
nunca metas um ponto final, opta por uma virgula, ou até um ponto e uma virgula;

segunda-feira

É como que um rolo de lã desfiado por um gato. Aos poucos aproxima-se, com um ar matreiro e desafiador, já saberia que conseguiria atacar o rolo.
E ali está ele no chão, bem á frente do gato, delicado e imóvel, susceptível a todo o tipo de ataques por parte de predadores. O rolo, este especial, com uma característica diferente dos todos os outros rolos normais: detém sentimentos.
Mas o gato não se preocupa com isso, como que numa dança rítmica, com subtileza tamanha "faz olhos" ao rolo, e num ápice, sem que nada á volta tivesse tempo de reagir, ele ataca o indefeso rolo. Este sofre, e chora por muito que inanimado, é fraco e não tem mais meios para se defender, toda a sua esperança de que houvesse alguém ou alguma coisa que o defendesse, desapareceu.
Quando dá por si, está desfeito. Desfiado e até com fios partidos, pedaços de lã arrancados e postos por toda a parte, espalhados no chão de uma sala ampla e limpa, embora que agora não tanto.
É então que surge alguém, e agarra o pobre rolo, enchutando o gato dali e ponto por fim paz ao rolo. Apanhando todos os pedaçõs que dele restam e unindo-os gentilmente, o rolo agradece, e sorri.

Tu, és sempre comparável a situações inimagináveis, Lembra-te disso antes de agires.