sábado

Se esperança, já não a houver?

O mundo gira, mas parece girar ao contrário. A vida gira, mas não no sentido dos ponteiros do relógio.
O tempo é contraditório, e a espera interminável. A esgota é incorrigível, e os sentimentos escassos.
Se eu arranjar um adjectivo para cada sentimento, palavra, frase e afim, o que tenho em troca?
É a isto que tudo se resume. Dás para teres, recebes para dar. Um comercio, um circulo, um aglomerado de trocas. E se algo não tiveres? Então não entras no negócio. E se com algo não concordares? És posto porta fora.
Mas há tempo, assim, para se aperceberem do que realmente são? Há liberdade para escolher, ou apenas teremos de seguir exemplos, de nos formar segundo a sociedade em que estamos inseridos, amar como é dito em vez de amar de maneira diferente, louco como é o amor?
Se te reges por regras mesmo após uma revolução, se as maneiras pioram e mesmo quem deveria fazer o bem te rouba, se já não tens opção de escolha sendo isso o que querias adquirir, como reages? A ti ainda não te toca, mas e aqueles que se esforçam para conseguir que a ti não te toque?
Um espelho que apenas reflecte negro, um egoísmo similar aquele que nunca pensaste ter. Tu e todos da tua idade o têm. Dás valor ás coisas? Não devias! Dás valor ás pessoas? Devias!
Aprende a brincar sem o meio ambiente estragar, aprende a lutar sem os outros magoares, aprende a falar sem ofenderes corações, aprende a gostar com a simplicidade que isso implica. Aprende a reger-te por regras, mas pelas boas. Não te rejas pelas actuais, que em tudo falham.
Prometem melhorar mas sobem uma coisa e diminuem outra, dizem ter que tirar mas apenas aos que estão "mais abaixo". E se ninguém estiver a baixo? E se todos tivermos o mesmo direito? Somos todos animais, feitos da mesma carne. Somos todos iguais, mesmo que diferentes.

Porque uma exclusão? É esta a verdade da sociedade onde estás inserido.

quarta-feira

Chega a um ponto em que não consegues pensar em mais nada, entras em conflito com tudo e todos e até contigo mesmo. Não paras, dormes duas horas, comes a metade e não tens forças para caminhar. Qualquer coisa por mais insignificante que seja, te faz derramar lágrimas.
Chegas a um ponto em que queres largar tudo, fugir para bem longe mas te apercebes que dizer adeus é mais difícil do que alguma vez imaginaste. Uma chance, uma pausa ou mesmo uma escapadela são coisas pelas quais tu pedes e rezas muito. E quando juras que a lágrima que agora neste momento derrama sobre a tua pele seria a ultima? Dás conta que nem essa promessa consegues cumprir a ti mesmo, derrubas tu mesmo as tuas próprias forças. Mas com que propósito? Uma esperança que não deixa ou não quer aceitar as piores hipóteses? Uma réstia de luz que se acende quando tudo o que vês é escuro?
E se disser que sinto falta? Umas saudades que me consomem cada célula que tenho presente do meu corpo, cada bactéria, cada réstia de energia e cada esperança? Umas saudades que me fazem mergulhar até ao mais profundo mar até sem ar ficar, não conseguindo respirar e morrendo. Mas quem morre? O meu coração, a minha mente continua ali, não sana, mas continua porque tem que continuar, embora não se consiga erguer.
E eu não quero que seja um até sempre, mas sim um até já porque enquanto tiver uma força, por muito pequena, eu continuo a lutar contra as maiores tempestades, continuo à espera que me acalmes de noite e que me digas que está tudo bem.
Uma certeza eu tenho: não consigo dormir com esta dor.

I miss your love

terça-feira

Cair e levantar, lei impossivel

Seguras o teu coração nas mãos cuidadosamente e tentas protege-lo, mas de repente, convidas outra pessoa a segurar-lo.
Ele palpita com uma velocidade feroz e imparável, vive o hoje sem viver o ontem e sem imaginar o amanha, vive tão intensamente que parece não ver mais nada, apenas o seu bem maior.
Mas e quando alguém prega uma rasteira? Ou simplesmente, cai sem querer cair. Tenta voar e não tropeçar, tentando não tocar no chão? Tudo o que menos quer é tocar no chão, mas quando se apercebe essa pressa e essa necessidade de não acontecer faz com que deixe de manter as suas mãos presas, e o coração que nelas estava pedente? Cai no chão, nem um colchão tinha por baixo, umas mãos amigas, uma nuvem ou mesmo relva, nada existia. Indefeso, bate no cimento, primeiro fica rachado mas rapidamente piora. Vem uma pessoa e dá um pontapé, partiu ao meio, vem outra e pisa sem o mínimo pudor e aos poucos, o coração já se dividiu em mil pedacinhos.
E o dono do coração? Em que situação fica? Esse sofre, com toda a certeza, uma das piores dores de todas. A dor de amar e não poder amar, a dor de amar e não querer amar ao mesmo tempo. Apagar tudo, memórias e sentimentos não resolve nada, mas aceita-los como um passado é algo que nesse momento é o que mais deseja. A cabeça trabalha agora como se fosse um terço, deixando de trabalhar como um todo. Estragas, interrompes e rompes pensamentos, transformando-os em lágrimas, inocentes mas abundantes lágrimas, salgadas e rápidas, elas correm por uma face. Ultrapassando até a velocidade da luz, elas correm e dançam ao mesmo tempo que se lamentam ao nariz, á boca, ao pescoço e a todas as partes por onde passam. E essas partes? Sofrem com elas, são contagiadas mesmo não o querendo, já sabendo o que ai viria tentar arranjar armaduras e quando se apercebem são fracas de mais, aquilo que julgavam ter construído e ser forte, muito forte, era então fraco e frágil.
O coração ali fica, á espera de ser concertado. Um até depois.

Nem tudo o que acaba, tem que ser mau. Obrigada, por tudo.

sábado

Com determinação

 Quando a inspiração te falta e a única coisa que te apetece fazer mesmo assim é escrever? Quando as palavras fogem de ti, e parecem escassas como água no mundo? E se fugirem? Correrem, saltarem e mesmo rebolarem à tua frente e tu, ali, sem nada para fazer nem nada com que as deter? O que farias?
Fechas os olhos e imaginas, na única coisa que te faz mais feliz no mundo, na única pessoa que te faz mais feliz no mundo ou então, num sorriso, no sorriso mais bonito do mundo. Aí, as palavras aparecem tão depressa como se de um tacho com água a ferver transbordassem, voltam a correr mas desta vez saltam para o teu colo, fogem do vento que antes as levou. Estão de volta a casa.
Tu sorris e recebes as palavras com uma ternura enorme, mas mesmo assim a elas parece faltar ainda uma peça fundamental, uma linha. Com isto, continua a ser impossível para ti escrever e cada vez mais te apertas a ti mesmo, fazes sumo do teu cérebro, fumo das tuas ideias e pipocas dos teus nervos. Mas de que resolve?
É então que decides efectuar uma busca, uma vasta e longa busca. E por fim, passado horas a fio à procura de linhas infamas e perfeitas tu encontras. Cortaste erva, árvores e arbustos, por mil e uma ruas passaste mas conseguiste, chegas-te à porta certa.
Mas e agora, onde foram os pontinhos dos i's? De novo, lanças-te numa pesquisa.
Como um livro se escreve, a vida prossegue o seu rumo. Da mesma maneira que queres e não tens, as palavras saem de igual maneira, mas se tentares e investires com muita, muita força elas acabam sempre por sair, os teus actos acabam sempre por ser vitoriosos. Dá luta, perde, caí e levanta-te, desiste, volta a recomeçar e por fim, ganha. Aí, o sabor da victoria vai saber-te muito melhor.
Mas consciente, que nem sempre podes ganhar. Vive sempre feliz, porque embora possas não ter ganho tens a certeza de um pormenor: mais vale feliz por teres perdido mas tentado, do que feliz por teres perdido por não teres tentado.

(vou ficar 8 dias sem cá vir, quando vier reponho com muitos textos. With love ♥)

Hoje é tarde, já me fui deitar

(este texto já tem imenso tempo, está aqui no meu blog mas já de à algum tempo atrás, volto a publicar porque penso que ninguém viu, with love.)

Se alguma vez um estranho se aproximar e te perguntar se já alguém gostou verdadeiramente de ti podes levantar a cabeça e responder, sem qualquer tipo de dúvida ou receio, que sim.
Que já gostaram mesmo de ti.
Que já gostei mesmo de ti.

Gostei, de ti. Aproveita e diz também que não foste capaz de me segurar.
Que permitiste que o tempo me levasse sem sequer teres tido coragem de puxar da tua espada para tentar defender a tua honra, a nossa honra.
Deixaste que os ponteiros do relógio varressem o nosso espaço, consumissem o nosso ar.
Não lutaste. Diz-lhe que, provavelmente, deitaste fora uma oportunidade de seres feliz, não para sempre, porque a eternidade é um conceito inexistente no dicionário da minha, da nossa realidade, mas momentaneamente, agora, hoje.
Podes contar a história de como as tuas incertezas e as tuas meias verdades conseguiram esmigalhar em mil pedaços a última réstia de amor que eu sentia por ti. Explica-lhe, com os detalhes que me deves, a forma como arrancaste os meus sonhos de mim.
Como me fizeste desacreditar em todos os XY que fui encontrando nas estradas do meu caminho. Mostra-lhe como já me fizeste desejar nunca te ter conhecido. Como me roubaste o coração para o usares como abrigo das tuas idas e vindas.
Como o gastaste, secaste. E sim, não te esqueças de mencionar as tuas idas e vindas.
Conta-lhe como me tomaste como garantida. Não prestaste atenção enquanto fui dando passos em frente, pequeninos, mas tantos que se tornaram enormes.
Foste tu quem deixou que assim fosse.
Também não notaste enquanto fui olhando para os lados para não ser atropelada novamente pelos teus homónimos, homógrafos, homófonos.
Por todos aqueles que tal como tu não sabem saborear a certeza do momento. Não reparaste enquanto fui fechando as portas, as janelas, os postigos e todos os buraquinhos que te permitiam voltar sempre que querias.
Não viste, ou não quiseste ver.
Não lutaste, ou não quiseste lutar.
Não te impuseste, não te esforçaste, não (me) quiseste.
Vá, conta-lhe e quanto acabares vem-me dizer como correu, mas hoje não. É tarde, já me fui deitar.